Aqui fica a história desta semana, escrita pela Joana.
Na cidade dos números há já alguns dias que se vivia uma grande confusão. Não se ouvia nada a não ser discussões. Sem saberem exactamente porquê, os números andavam zangados e tudo era motivo para mais uma briga.
O dois não falava com o três. O cinco já não ia ao cinema com o sete. O oito já não contava histórias ao quatro. O sete já não andava de bicicleta com o nove. O zero estava completamente ausente.
Os números não se podiam ver uns aos outros, implicavam por tudo e por nada. Ameaçavam recusar-se a fazer tudo. O um temeu o pior:
- Não, as coisas não podem continuar assim. Se não conseguirmos dar-nos bem não vamos poder ser somados, subtraídos, multiplicados ou divididos… o que é que vai ser dos adultos que precisam de nós diariamente para as suas funções profissionais? O que vai ser das crianças que precisam de nós para crescer com sabedoria? As escolas vão ficar ao abandono, os professores vão ficar desempregados… meu Deus já não chegam os milhares que têm ficado sem colocação nos últimos anos!
O um decidiu pedir ajuda ao zero e invadiu o seu mundo tranquilo:
- Zero, os números não se falam, precisamos de fazer alguma coisa antes que isto se transforme num drama e acabe com a sociedade que depende de nós para viver.
O zero ficou imóvel. O um perdeu a esperança de que o zero o ia ajudar. Mas, passados alguns segundos o zero disse:
- E se pedíssemos ajuda às letras?
- Excelente ideia! Respondeu o um todo entusiasmado.
Juntos foram falar com o alfabeto, contaram o que estava a acontecer e pediram a ajuda das letras. As letras disponibilizaram-se para ajudar e combinaram invadir a cidade dos números com palavras que os chamassem à razão.
No dia seguinte, na cidade, voavam, deslizavam, circulavam e dançavam palavras como amizade, bondade, companheirismo, doçura, felicidade, gentileza, harmonia, paz …
Os números foram contagiados por aqueles sentimentos e decidiram reconciliar-se. Tudo voltou à normalidade. A sobrevivência da cidade dos números e da sociedade em geral já não estava sob ameaça, graças ao zero e ao um e à sua aliança com as letras do alfabeto.